Enquanto o amor se sublima,
o desejo move o mundo. Desejar é imposição da vida, meta a ser cumprida... ou,
inviável, descartar. Pois sempre se renova. Mas o inviável pode coincidir com o
irresistível, pode mesmo ser a mesma coisa, meta que se nega a ser outra ou, acuada, a não
ser mais. Vencido por fora, perdido por dentro. O inviável se confunde com o
eterno. Teoriza-se o amor, e a vida segue em paralelo. Luz de minha vida, norte de meus
caminhos, cereja do meu bolo mergulhada em chantili... Paixão é só desejo. Amor pelo amor ansiado: anseia e pensa que ama, e anseia perpassado.
Vai além do objeto, vai tão além do amado que, assim, chegado o fim, este só pode ter um culpado: o outro. Que amou pouco. Sob a régua do desmedido. Esse amei de mais, aquele amei de menos. A bolsa de bons momentos não resiste a uma recessão. Tudo já houve. Apaixonado houve. Menos ainda o amor...