Amor desconstruído, faço do meu tema o vício. Mulheres... E não se iluda, nenhum vício é belo. Maquiavélico, o viciado se faz num lamento cíclico: lamenta o vício, lamenta o gozo, lamenta voltar a si. Adorável, no entanto. É fatal um novo euteamo. O mesmo resultado, os mesmos artifícios. O que dizer, o que não dizer, como dizer o que não se diz... Onde tocar, sempre tocar, o toque ausente remetendo ao por vir... De artifício a artifício, torno-me vício de meu vício. O ilusionista e o iludido, sedutor de meu próprio engano. Só há a escolha pelo que se deixa enganar. O último mistério. É preciso haver mistério e meu mistério é alheio a mim. Ah! eu me conheço tanto... Viciado melancólico. A angústia me instiga o pior de coração. Porque se gosto, te devoro, num instante o monopólio. O que não devo. Já não posso. Ser qualquer coisa além, deusmelivre da redenção de alguém... Não tenho, meu bem, tempo nem disposição. Eu preciso ser falível. Eu preciso ser sem medo. De que em mim descubra anseios tão além de tua moral. Eu preciso ser sem trilhos. Seguir vagão deserto. Culpado tão somente do imutável que eu sou. Sou o messias do desengano. Ainda quer refazer nosso pacto? Eu invento um amor, você me reinventa maior. Tudo que eu poderia ser, houvesse amor de fato.

  • "Dessa vez você começa..."
  • "Que tal irmos direto pros lamentos?"
  • "Deixo para os anjos o milagre da invenção do teu ego."