O amor é, ou nunca foi. Não se vai, como todo o resto vai. Como iam teus temores, como iam tuas reservas, a carinha de menina séria quando só eu te restava... Hotel Paraíso: da sala de aula a sete quadras. Quartos entre súbitas paredes do que, há muito, havia sido uma casa. Não exigiam documentos, não exigíamos nada. Era só pegar a chave e fazer justiça ao nome. A porta então se trancava e o laboratório se erguia: experimentos de toda vontade que só na vontade se sabia. Ainda tão macio, ainda tão intato, em teu corpo nu de fato o espanto era ainda. Tão receptiva à minha sede, instinto que em ti me movia, os olhos em suor contraídos, a boca que já não fechava, verdades urgiam ser ditas e arfantes se diziam, e tudo fazia sentido, fazia-se sentido, tão fácil nos parecia você e eu para sempre... Apenas hormônios, hoje sabemos. Tua pele de quinze anos muitos mais anos sem mim já fizeram. Convém, a essa altura, um nome mais apropriado. Deixemos, meu bem, o amor em paz.