Mas agora eu te espreito. Busco a noite em tua pele. Na escuridão é que o sonho floresce a vida que me jaz submersa. Os dias são vagos e insossos. Anseio teu nítido rosto. Busco a noite em tua pele, mesmo sob a luz do abajur. Livro em mãos, debruçada sobre a cama, só os óculos te vestem...  Teu gosto é promessa em minha boca. Teus pés, realidade suspensa. Busco a noite em tua pele, na brevidade que te reveste, e imenso vou me crendo junto à sombra que te acerca. Nas espirais de teus cabelos, há muito sucumbi à vertigem, que calma e fatal me atinge quando, tão séria, você me encara... Te aguardo a resolução. Não tire os óculos, é só o que peço. Aros grossos e severos, você me revoga a profanação.

  • "Só o outro pode profanar."
  • "De você, eu quero é outra coisa."
  • "É que eu sou um anjo, meu bem."