Por que eu escrevo?
Por vaidade. Por instinto. Por não me caber no que sou e me querer onde não fui permitido. Porque escrevo doído. Até não haver mais distância, até não haver mais sentido. Na impossibilidade de tudo, rascunho: a poesia me abre caminho. Porque posso, de repente, o que nem se sabia podido. É meu direito legítimo: escrevo porque me finjo. Então me sinto. Muito. A palavra toca, eu a retoco. Como eu quero, a quem eu quero, ah! sou tão bom nisso... Malabarismos. Risos e lágrimas. Deve-se a mim o que foi sentido. Ou não? Me engano? Sou eu o comovido e escrevo porque te amo. E tudo é saudade. Compromisso. Com o que poderia ter sido... Do privilégio de meu desperdício, assumo aqui minhas leviandades. Escrevo porque preciso, porque respiro, porque é bonito. E poderia ter sido tão somente vaidade... 
(Nunca se sabe)