Suspeito 2, Orgulho: minha espada de dois gumes. Por orgulho, não faltei com a palavra, nem fui o canalha que minha raiva exigia. Avaliei que me perder já bastava, e quis você muito bem, mas bem longe de mim. Também fiz pouco da tua falta. Por orgulho, não quis saber mais de ti. Porque minha vida se julgava atrasada, e eu corria a vingá-la na ânsia de ser feliz. Não me orgulho desse descaso. Do temor de fazer pelo não recebido. No cálculo da reciprocidade, me neguei a ir além do que avistei você ir. Medo de amar sozinho. Antes de você, me desminto: foi tudo um mal-entendido, me desviar é preciso, sete anos não é nada… No meio disso, há uma verdade. Sinto usá-la com fins tão mesquinhos. A negação de que amei de verdade antes que o fim chegasse e me encontrasse ainda aqui. Como se fosse o fim da dignidade: o desleal que tema ser indigno. Mas como saber se foi desleal desde o início, se o desengano é recíproco, ou se de fato é o fim? Entre moinhos e gigantes, meu orgulho não fez distinção: todos decapitados em nome da culpa que nunca tarda…