Eu te amo… 
Tão naturalmente. Dos cabelos vermelhos ao delírio do corpo: mil olhos sobre você, e casualmente eu ali de novo. À distância da música. Do teor alcóolico. Você dança e eu me calo sob o volume da noite. Não encontro minha vez entre os mil olhos que falam, pois então eu aguardo, como se fosse mais um. Mas chega a hora em que a festa acaba… E as longas pernas cedem embriagadas. Sem temer o perigo, sem saber que eu, cativo, garantia teu bem até que se recobrasse. Você sorria ao acordar em meu quarto: Meu príncipe, você dizia… Como se fosse o destino, como se eu fosse esperado, pressuposto desfecho de um encontro marcado. Lânguida, você me seduzia. Transávamos ao final da manhã. Mas depois do almoço você tinha que ir, e sem notícias tuas, o ciclo recomeçava. A noite chegava e eu buscava teu acaso, nos lugares de sempre, pontual como nunca. E incumbido de olhar pelos bêbados, deus terceirizava a mim seu trabalho. Mas habituado a ser o carrasco, não me adaptei ao novo papel.